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Amazon mira M Livre e Magalu e expande programa para lojistas

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Ricardo Garrido, diretor de marketplace da Amazon Brasil. (Foto: Divulgação/Amazon)

Em meio a diversos outros anúncios, a Amazon divulgou em março estar expandindo o programa Fulfillment by Amazon para todos os vendedores do seu marketplace. Por trás do que pode parecer apenas uma funcionalidade para os sellers, está um movimento que ganha força e pode ser um dos elementos definitivos na consolidação de multinacionais e companhias locais no varejo brasileiro.

 

O FBA é uma opção aos donos de lojas virtuais que queiram deixar a cargo da Amazon boa parte do seu processo logístico, como armazenamento, envios e até emissão de notas fiscais. Quando um vendedor entra no FBA, compradores do plano de assinatura Prime recebem suas entregas mais rapidamente e sem taxa de envio.

 

Consultados pelo IM Business, especialistas são uníssonos em afirmar que os movimentos da Amazon para fortalecer seu fulfillment devem esquentar — ou já estão esquentando — a concorrência com Mercado Livre, Magalu, Americanas e Grupo Casas Bahia, no que Alberto Serrentino, fundador da Varese Retail, descreve como um “crescimento consistente e silencioso” no Brasil da empresa fundada por Jeff Bezzos, que viu as concorrentes desenvolvendo suas próprias opções de fulfillment nos últimos anos.

 

Embora o FBA sozinho tenha sua importância para a expansão do fulfillment da empresa, investimentos em infraestrutura e logística têm melhorado a posição da companhia que chegou ao Brasil em 2017, vendendo e-books para o Kindle. Ela não abre os valores do marketplace, mas de 2019 a 2022 inaugurou 10 centros de distribuição — dois com venda mista de estoque próprio e marketplace e um apenas para produtos de terceiros. De 2022 até hoje, foram inauguradas 64 estações de entrega, espaços menores para escoamento de produtos.

 

“Tudo isso serve para a Amazon como varejista, mas também passa a servir para os vendedores parceiros, à medida que lançamos em dezembro de 2020 o FBA”, explica Ricardo Garrido, diretor de marketplace da Amazon Brasil. Como ele explica, naquele momento apenas sellers de pequeno porte, cadastrados no Simples Nacional, tinham acesso ao programa, devido às dificuldades em ajustar a operação aos diversos regimes fiscais do Brasil. 

 

Agora, donos de lojas de médio e grande porte estão no jogo, e devem catapultar o negócio no Brasil. Na média, 60% das unidades vendidas pela Amazon no mundo vêm de vendedores terceiros, percentual que no Brasil ainda é pequeno – ao menos se considerados os produtos distribuídos pelo FBA. “É natural esperar que se atinja um número parecido com esse também aqui”, diz Garrido.

 

Os sellers de maior porte são capazes de disponibilizar seus produtos por meio de diversos marketplaces além da Amazon, mas isso pode não ser uma regra. Já para os menores, o aumento da concorrência em 3P (produtos vendidos por terceiros) nas plataformas deve significar maior seletividade.

 

“Os médios e grandes sellers têm estoque o suficiente para distribuir um pouco em cada um desses marketplaces, mas isso vai depender do resultado. O que percebemos é que tem algumas plataformas que são mais interessantes para determinadas categorias de produto”, explica Mauricio Salvador, presidente da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABCOmm).

 

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Consolidação de mercado

 

Mercado Livre, Americanas, Magalu, Grupo Casas Bahia e Amazon, foram, nessa ordem, os cinco primeiros colocados no ranking de maiores marketplaces desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) em 2023. Acontece que os dados são de 2022. De lá para cá, uma crise nas Lojas Americanas deixou marcas em todo o mercado e varejistas como o Grupo Casas Bahia também precisam lidar com uma recuperação extrajudicial.

 

“Em cinco anos, veremos um cenário competitivo diferente. Há uma consolidação em progresso, como já aconteceu com outros setores”, diz Fernando Moulin, sócio da Sponsorb e professor da ESPM.

 

A americana Amazon e a argentina Mercado Livre, dizem especialistas, foram aquelas que mais capturaram o market share deixado pela Americanas, em função dos altos investimentos feitos na região, na capacidade de investir em anúncios online e na capacidade de totalizar a jornada de clientes com frete grátis e velocidade de entrega, por exemplo.

 

Para Moulin, esse movimento deve implicar em vendedores cada vez mais unificando seus serviços em uma só plataforma. De 2022 a 2023, a Amazon cresceu 50% sua base de vendedores.

 

Mesmo com os investimentos, a Amazon ainda deve enfrentar desafios para ultrapassar algumas empresas brasileiras, em especial fora da concentração de centros urbanos, que representam 60% do volume de entregas do Brasil. As brasileiras Magalu e Casas Bahia, por exemplo, têm maior capilaridade nas regiões Norte e Nordeste, devido à presença de suas lojas físicas. “Ela já tem rotas logísticas, base de consumidores e marca consolidada regionalmente”, explica Mauricio Salvador, da ABComm.

 

Fonte: www.infomoney.com.br

 

 

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