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Cidades mineiras usam boa logística para atrair e-commerces

Revisado Natalia Concentino - 24 de Agosto 2022
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Sul de Minas é uma região bem atraente para empresas instalarem seus centros de distribuição

Municípios do sul de Minas Gerais estão se tornando novo alvo de investimentos de empresas na construção de galpões logísticos para abastecer a crescente demanda pelo e-commerce no país. Depois do êxito de Extrema ter levado à explosão dos preços dos terrenos na cidade, empresas têm buscado outros municípios nas proximidades da rodovia Fernão Dias, principal ligação entre Minas Gerais e São Paulo.

 

Camanducaia já desponta como um desses novos polos. Foi a cidade escolhida pela gigante de panificação Bauducco para uma nova fábrica. Outras localidades, como Pouso Alegre, Cambuí e Itapeva, se esforçam para atrair novos negócios.

 

Embora a localização não seja tão conveniente quanto a de Extrema, esses municípios estão próximos à capital paulista - a, no máximo, 200 km. Além disso, do ponto de vista fiscal, oferecem o mesmo benefício de ICMS de Extrema.

 

Devido à demanda natural das empresas por espaços em seu território, Extrema deixou de oferecer terrenos gratuitos. Segundo o gerente da divisão industrial e de logística da consultoria do setor imobiliário JLL, André Romano, o preço do metro quadrado de galpões em Extrema passou de R$ 20 para R$ 26. Por isso, muitas companhias já começam a olhar para outras localidades.

 

O gerente de leasing industrial da Cushman & Wakefield no Brasil, Eric Ammirati, aponta que a experiência de Extrema tem chamado a atenção dos vizinhos. "Hoje, independente do setor, a atratividade de Minas tem sido interessante. E o sul do Estado tem essa sinergia com São Paulo pela proximidade", afirma.

 

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"Emergente"

 

Um desses destinos é Camanducaia, a 134 km de São Paulo. Segundo a prefeitura, 35 empresas operam ali, e outras quatro negociam sua chegada. "Antes a gente visitava as feiras de investidores atrás de empresas. Com Extrema mais cara, as companhias já começam a procurar espontaneamente nossa cidade", diz o representante da área de desenvolvimento econômico da cidade, Diogo Barbosa.

 

A Bauducco vai abrir uma nova fábrica na cidade, conta Barbosa. A empresa foi uma das primeiras indústrias a apostar em Extrema, onde já tem uma fábrica. Mas, sem novos espaços por lá, vai crescer na cidade vizinha. Procurada, a Bauducco não respondeu.

 

Com cerca de 600 CNPJs cadastrados, Itapeva também busca atrair investimentos e empregos. "Temos hoje 25 empresas que estão negociando a vinda para Itapeva", relata o representante do desenvolvimento econômico, Thiago Pareto. Recentemente, o fundo de investimentos Blue Cap e a Sulminas Distribuidora adquiriram terrenos para construção de galpões logísticos na região.

 

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Benefícios

 

Os benefícios fiscais do governo de Minas Gerais são a principal explicação para a migração de empresas para o Estado. Unindo essas benesses à proximidade com São Paulo, municípios do sul de Minas viraram destinos atrativos para investimentos. O gerente de leasing industrial da Cushman & Wakefield no Brasil, Eric Ammirati, explica que, para empresas que trabalham com importação, há benefícios adicionais.

 

Isso já tem levado companhias instaladas na região de Campinas (SP), por exemplo, a fazer as malas rumo a Minas. "Tivemos um cliente que fez a mudança e conseguiu uma economia de R$ 100 milhões, mesmo com aluguel mais caro", conta o especialista.

 

O Estado tem uma das menores alíquotas do país para o comércio eletrônico, de 1% a 3%. Por isso, Minas viu crescer o número de companhias do setor. Só em Extrema estão concentradas 25% das empresas de e-commerce no Brasil. Nunca houve tantos projetos e entregas previstas para galpões logísticos no Brasil, mostram dados da JLL. A projeção para este ano é de entrega de 2,4 milhões de m² em galpões logísticos e industriais, sendo 17,6% em Minas Gerais.

 

O Mercado Livre é hoje o e-commerce que mais ocupa espaço em Minas, seguido de Via Varejo (dona das Casas Bahia) e Lojas Americanas. Em Minas, a taxa de áreas desocupadas neste ano deverá atingir a mínima histórica. A chamada taxa de vacância deverá ficar em 0,81%, ante 28,18% em 2016.

 

Na avaliação de Ricardo Taborda, sócio da 7D - empresa especializada em soluções para logística - o principal ponto de tensão na expansão desses municípios é a garantia de mão de obra qualificada ou, pelo menos, passível de treinamento. Ele pontua que, diferentemente de Extrema, os municípios que também margeiam a Fernão Dias talvez não tenham contingente populacional para atender à demanda. "Ter quem trabalhe nas empresas é algo crucial", avalia.

 

(Com informações Época Negócios)

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