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Governo pode impactar setor colchoeiro com medida antidumping

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Em meio às discussões de abertura para as importações das plataformas virtuais, Shein e Shopee, governo também estuda criar maior oneração para todas as malharias, tecelagens e confecções do Brasil colocando eventual direito antidumping nas importações de fios de poliéster texturizado.

 

O fio de poliéster, depois do algodão, é o fio mais utilizado no Brasil, impactando a produção de roupas, calçados, cama, mesa e banho de todos os cidadãos brasileiros.

 

Com essa medida, o custo de se produzir no Brasil aumentaria para as malharias, tecelagens e confecções que já estão sofrendo enorme concorrência das roupa pronta sendo importada.

 

Um milhão de empregos nas confecções e 160 mil nas tecelagens e malharias estão ameaçados, somente para beneficiar duas empresas, a norte-americana UNIFI e a mexicana Alpek Poliéster, que sequer produzem o fio de poliéster texturizado de forma integrada e completa em território nacional.

 

Planta da UNIFI
Planta industrial da A

 

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Rememorando a questão do antidumping para fios sintéticos

 

A câmara de Comércio Exterior (Camex) do Ministério da Economia aprovou no dia 18 de agosto de 2022, a aplicação de uma medida antidumping para fios de poliéster, commodity que é o principal insumo da indústria têxtil. No entanto, apesar de reconhecer a prática de dumping nos filamentos sintéticos texturizados de poliésteres originários da Índia e da China, o Comitê-Executivo de Gestão (Gecex) da Camex aprovou a suspensão imediata da aplicação da tarifa antidumping pelo prazo de um ano, prorrogável uma única vez por mais um ano, por razões de interesse público.

 

A medida, obviamente, agradou fabricantes de tecidos sintéticos que importam o produto e que argumentaram ao longo do processo de investigação do dumping que a taxação poderia levar a um aumento dos custos de roupas, colchões e demais produtos que usam tecidos sintéticos.

 

Na época, Rogério Coelho, então presidente da Abicol, entidade que representa fabricantes de colchões, que importam o fio de poliéster para fabricar o tecido que reveste o colchão, afirmou que “a suspensão por um ano é um grande alívio, neste momento em que a inflação está em alta e vai beneficiar todo o setor”. 

 

O setor estima que se fosse aplicado o antidumping, o impacto no preço final para o consumidor poderia ser da ordem de 20%.  

 

Em um parecer técnico apresentado em junho de 2022, foi sugerida uma sobretaxa de 5% para a importação da China e de 8% da Índia, segundo fontes do setor. 

 

A Abrafas representa quatro indústrias no Brasil — a mexicana PQS (Petroquímica Suape), a americana Unifi, a espanhola Antex (com sede em Curitiba), e a brasileira Dini Têxtil, do interior de São Paulo. Juntas, atendem 25% da demanda nacional pelo fio de poliéster. “Temos capacidade ociosa e com investimentos não expressivos ela pode ser ampliada. Não queremos impedir ninguém de importar, mas que não importem com um preço desleal” afirmou o diretor executivo da Abrafas, José Eduardo Cintra de Oliveira, também ouvido na época em que a Camex suspendeu por um ano a aplicação da tarifa antidumping.

 

Agora, a Secretaria de Comércio Exterior, do Ministério Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, tornou público o pedido de reaplicação do direito antidumping com a exigibilidade suspensa por razões de interesse público, nos termos da Resolução GECEX nº 385, de 2022. E abriu prazo de trinta dias, a contar da publicação da Circular (30 de maio), para o recebimento de manifestações sobre o pedido em questão nos autos dos processos mencionados.

 

Medidas antidumping costumam durar cinco anos. Se a suspensão for prorrogada por mais um ano, que é o objetivo da Abicol, a medida passará necessariamente a valer a partir do 3º ano somente a partir de 2024.

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