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Veja como criar móveis para as (diversas) famílias do futuro

Por Natalia Concentino - 31 de Agosto 2022

Não é segredo para ninguém que o conceito da “família Doriana” (aquele comercial de margarina), composta por um pai, uma mãe e dois filhos, é cada vez menos comum na nossa sociedade. As mudanças econômicas, demográficas e culturais impulsionam a criação de novos e mais diversos formatos familiares. Afinal, o ditado popular “família é aquela que a gente escolhe” nunca foi tão verdadeiro. “Estamos vendo desde o crescimento de famílias formadas por casais de mesmo sexo e até lares multigeracionais – que abrigam mais de uma geração, normalmente três: filhos, pais e avós”, comenta Jane Moo, head de conteúdo da Spark:off Brasil, empresa expert em pesquisas na área de tendências e inovação. 

 

Ainda de acordo com os estudos realizados pela empresa, alguns dos principais fatores que impulsionam novos formatos familiares são: envelhecimento da população (responsável pelos lares multigeracionais), incerteza econômica e mercado de trabalho competitivo (que faz as pessoas repensarem a questão dos filhos e até do casamento) e o aumento do divórcio, que junto com a decisão de casar mais tarde ou mesmo não casar, é responsável pelo crescimento de lares com uma única pessoa. 

 

De acordo com o IBGE, no Brasil, estima-se que já há mais de 60 mil famílias homoafetivas, além de mais de 11 milhões de mães solo, mais de 80 mil pessoas se divorciando por ano no país e cerca de 11,7 milhões de pessoas que optaram por morar sozinhas. Outro número em crescimento é o tamanho da população idosa do país que, segundo a ONU, será a 5ª maior do mundo até 2030. Somando todos esses índices, não é difícil perceber que as famílias brasileiras estão mudando e que essa mudança irá refletir diretamente na estrutura dos lares.

 

Segundo Jane Moo, outro fator que tem influenciado é que, além do surgimento desses novos formatos de família vivendo sob o mesmo teto, houve também o aumento da valorização do lar após o longo período de isolamento social ocasionado pela pandemia. “Passamos a valorizar ainda mais a casa nesses últimos anos, muitas vezes o lar é também escritório e até academia. Por isso é importante considerar que agora tornou-se ainda mais necessária a divisão dos espaços da casa para preservar o bem-estar dos moradores”, explica a especialista. “Se antes da pandemia os planos abertos eram o desejo, hoje já se prioriza ambientes onde se pode delimitar bem onde é o espaço das refeições, um que favoreça a produtividade e principalmente o de descanso”, continua Jane, destacando que ao contar com moradores com necessidades e idades distintas em um mesmo lar isso se torna ainda mais urgente, pois é preciso levar em consideração as diferentes demandas de cada pessoa. Nesse novo cenário, vemos o lar passando a receber um olhar diferente daqueles que o habitam e de bônus: novas estruturas familiares. Quais as consequências disso para o mercado moveleiro?

 

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O designer e arquiteto Tiago Curioni, explica que, para começar, itens como os famosos “guarda-roupas ele-ela” não vão mais funcionar. “Esse tipo de solução com porta-calças, porta-gravatas, já não funciona mais, uma grande tendência é justamente de produtos que sejam neutros quanto a armazenagem, então nichos são uma boa opção e colmeias onde você consegue colocar desde roupa íntima até gravatas, relógios e broches”, exemplifica o designer. “É preciso pensar em como deixar os móveis mais flexíveis e neutros”, completa o especialista, reforçando que, dessa maneira, em casos de divórcios o móvel pode ser facilmente adaptado ao novo uso. 

 

De acordo com Curioni, cada vez mais o consumidor está atento às funções dos móveis e tem colocado isso na frente, inclusive, da estética do produto. “Se alguns anos atrás a aparência era o mais importante, hoje o foco do consumidor está em como aquele produto vai atendê-lo e se aquele item realmente vai solucionar suas demandas”, explica o arquiteto. Para ele, outra forte tendência é que como as pessoas estão se fixando cada vez menos a relacionamentos, cidades e trabalhos também tendem a comprar menos bens duráveis. “As pessoas estão optando cada vez mais por alugar casas, pois querem poder facilmente migrar de um lugar para o outro e a tendência é que isso também reflita nos móveis, que podem igualmente ser alugados ou comprados de segunda mão”, argumenta Curioni…LEIA MAIS

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