IMG-LOGO

PIB perde ritmo no 4º trimestre e fecha 2024 com alta de 3,4%

Revisado Natalia Concentino - 07 de Março 2025
pib.jpg
Imagem: Freepik

economia brasileira perdeu ritmo no quarto trimestre, mas fechou 2024 com alta de 3,4%, de acordo pelo IBGE. O crescimento do PIB veio após avanço de 3,2% em 2023. É a maior alta desde 2021 (4,8%), quando a base de comparação com 2020 estava fragilizada pela pandemia.

 

Considerando apenas o quarto trimestre de 2024, o PIB mostrou relativa estagnação. Houve leve variação positiva de 0,2% frente aos três meses imediatamente anteriores. O dado veio ligeiramente abaixo da mediana de 0,4% esperada por analistas consultados pela Bloomberg. O intervalo das previsões ia de 0% a 0,6%.

 

O PIB havia crescido 1% no primeiro trimestre de 2024, 1,3% no segundo e 0,7% no terceiro, de acordo com dados revisados pelo IBGE. As taxas divulgadas anteriormente eram de 1,1%, 1,4% e 0,9%. A revisão dos números é um procedimento padrão do instituto.

 

Consumo sente juro no 4º trimestre

 

A perda de ritmo da economia no quarto trimestre foi puxada pelo consumo das famílias. O consumo caiu 1% em relação aos três meses imediatamente anteriores. Foi a primeira baixa desde o segundo trimestre de 2021 (-1,4%). Conforme Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, o resultado reflete o início do ciclo de alta dos juros e a aceleração da inflação dos alimentos. Disse ainda que a base elevada de comparação ajuda a explicar o freio no consumo.

 

"No quarto trimestre de 2024, o que chama atenção é que o PIB ficou praticamente estável, com crescimento nos investimentos [0,4%], mas com queda no consumo das famílias", afirmou a pesquisadora. "Isso porque no quarto trimestre tivemos um pouco de aceleração da inflação, principalmente a de alimentos. Continuamos tendo melhoria no mercado de trabalho, mas com uma taxa já não tão alta. E os juros começaram a subir em setembro, o que impactou no quarto trimestre", acrescentou.

 

Demanda interna puxa alta no ano

 

No acumulado de 2024, a atividade econômica teve impulso da demanda interna, indicou o IBGE. Houve impacto de medidas de estímulo do governo  e do desempenho positivo do mercado de trabalho, que mostrou queda do desemprego e aumento da renda.

 

A conjuntura levou o PIB a um crescimento acima do previsto inicialmente por analistas e pelo governo. Ao final de 2023, a mediana das estimativas do mercado financeiro indicava um avanço de apenas 1,52% em 2024, de acordo com o boletim Focus, do BC. O Ministério da Fazenda tinha projeção de 2,2% para o ano.

 

"Apesar desse fechamento mais fraco [no quarto trimestre], 2024 foi um ano de crescimento robusto, com a economia avançando 3,4%, bem acima do seu potencial. Esse desempenho foi impulsionado, principalmente, pela forte demanda doméstica, sustentada por uma política fiscal expansionista e pelo aumento da oferta de crédito", afirmou o economista Igor Cadilhac, do PicPay.

 

Selic maior é desafio

 

Manter a economia aquecida ficou mais difícil a partir do segundo semestre do ano passado, quando o BC passou a subir a taxa básica de juros (Selic) para conter a inflação. Para 2025, as estimativas do mercado sinalizam desaceleração do PIB a 2,01% no acumulado do ano, indica o boletim Focus. A Selic está em 13,25% ao ano e deve fechar 2025 a 15%, de acordo com a mesma publicação.

 

leia: Na economia nada está tão ruim que não possa piorar

 

Serviços e indústria fecham 2024 no azul

 

Com o resultado do ano passado, o PIB renovou o recorde da série histórica do IBGE, iniciada em 1996. Pela ótica da oferta, o aumento de 3,4% foi puxado pelo crescimento do setor de serviços (3,7%) e da indústria (3,3%). A agropecuária teve queda em meio a problemas climáticos (-3,2%).

 

Pela viés da demanda por bens e serviços, o IBGE destacou a alta de 4,8% no consumo das famílias, que respondeu por 63,8% do PIB. A alta é a maior desde 2011, quando o crescimento havia sido da mesma magnitude. "A conjuntura econômica foi extremamente favorável para o consumo das famílias em 2024", disse Rebeca Palis, do IBGE. Ela citou fatores como a melhora do mercado de trabalho, programas de transferência de renda do governo, juros menores na média do ano comparada a 2023 e a inflação sem descontrole, apesar do repique nos preços dos alimentos.

 

PIB per capita avança 3%

 

O PIB per capita, que divide o valor das riquezas produzidas pelo número de habitantes, aumentou 3% em 2024, chegando a R$ 55.247,45. A alta é a maior desde 2021 (4,3%). O PIB trimestral é divulgado cerca de 60 dias após o fim do período de análise e apresenta as óticas da oferta e da demanda. Parte dos analistas teme que, mesmo com os alertas sobre o quadro fiscal, o governo adote novas medidas de estímulo à economia em meio à trajetória de queda de popularidade do presidente.

 

(Com informações Folha de S. Paulo)

Comentários