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Rede aposta em crediário para garantir fidelidade dos clientes

Por Natalia Concentino - 14 de Maio 2021
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A varejista Via, que engloba as redes Casas Bahia, Extra e Ponto, aposta no crédito e na ampliação de serviços financeiros para aumentar a recorrência de vendas tanto no varejo físico como nos canais digitais.

Em abril, a empresa informou ter 14 milhões de clientes com crédito pré-aprovado, ante 3,9 milhões em abril de 2020. “Abrimos estas informações para mostrar o quão poderoso o crediário é para garantir nossa recorrência com o consumidor”, disse Roberto Fulcherberguer, presidente da Via, em teleconferência com analistas.

Em 24 meses, segundo o executivo, 49% dos clientes voltam a comprar com a varejista. “É o meio de crédito que ele tem para acessar o consumo e seguir recorrente conosco.”

Segundo ele, os 14 milhões de clientes têm um limite total de R$ 42,5 bilhões em abril, alta de 372% em base anual, para fazerem compras parceladas. “Há um ano passamos a personificar as ações de crediário o que nos trouxe uma recorrência maior”, disse o executivo.

Fulcherberguer informou que o crediário atraiu mais clientes jovens e de maior poder aquisitivo. Entretanto, 46% da base é composta por clientes sem comprovação de renda.

Entre março de 2020 e março deste ano, a participação do crediário nas vendas das lojas físicas cresceu de 17% para 33%.

No meio digital, 25 milhões de clientes tinham crédito pré-aprovado pela empresa, sendo que clientes de 500 municípios, que não têm lojas físicas do grupo, receberam crédito da empresa até março.

No primeiro trimestre, a Via produziu R$ 99 milhões em créditos, 66% acima da produção gerada desde o início do crédito digital no 2º trimestre de 2020.

A oferta do crediário evoluirá para o shopping virtual (marketplace) nos próximos meses, destacou o executivo.

Com relação à emissão de cartões com as marcas Casas Bahia e Ponto, no primeiro trimestre foram adicionados 206 mil cartões desta categoria, alta de 18% sobre igual período do ano anterior.

Em serviços de banco digital oferecidos após a aquisição da fintech BanQi, a divisão abriu 2 milhões de contas digitais em maio, o dobro do volume registrado em novembro no ano passado e dez vezes o volume registrado dos primeiros três meses de 2020.

O volume transacionado pela BanQi entre janeiro e março somou R$ 887 milhões, ante R$ 13 milhões no 1º trimestre de 2020.

Fulcherberguer ressaltou que a Via já entrou com um pedido junto ao Banco Central para que a BanQi tenha a licença para operar como uma Instituição de Pagamentos. “O limitador era ter um total transacionado de R$ 500 milhões, que já superamos, então entramos com a solicitação”, explicou o CEO.

leia: O QUE VAI MUDAR NA ESTRATÉGIA, ALÉM DAS MARCAS NA VIA VAREJO?

R$ 150 milhões em incentivos

A varejista Via, que reúne as redes Casas Bahia, Extra e Ponto, reportou uma subvenção em benefícios fiscais, incluindo créditos presumidos do ICMS, no valor total de R$ 150 milhões, na divulgação do balanço do 1º trimestre. Deste montante, R$ 117 milhões se referem ao ano de 2020 e R$ 33 milhões ao período de janeiro a março desde ano.

Descontando os benefícios fiscais, o lucro líquido comparável ao reportado no ano passado foi de R$ 63 milhões no 1º trimestre de 2021 — cinco vezes superior ao resultado obtido um ano antes.

“A subvenção acontece porque a companhia tem incentivos fiscais em 15 Estados, como créditos presumidos de ICMS, redução de base de cálculo e redução de alíquota”, explicou Orivaldo Padilha, diretor financeiro da empresa, em teleconferência com analistas.

Segundo o executivo, os incentivos representaram 3% sobre as vendas de mercadorias em 2020 e 2% sobre as vendas nos primeiros três meses deste ano. “A parte incentivada é baixa sobre o total de vendas de mercadorias, mas gera um valor significativo de recuperação de impostos em caixa nos próximos trimestres”, afirma.

Padilha calcula que a Via tenha uma bolsa de créditos fiscais, incluindo imposto de renda e contribuição social, de R$ 5,5 bilhões de créditos fiscais relacionados a vendas e R$ 1,9 bilhão de créditos fiscais relacionados ao lucro, somando R$ 7,4 bilhões.

“A curva de expectativa de monetização destes recursos voltando ao caixa da companhia é de R$ 1,2 bilhão em créditos fiscais em 2021, de R$ 1,7 bilhão em 2022, R$ 1,8 bilhão em 2024, R$ 1 bilhão em 2025 e de R$ 500 milhões nos dois anos seguintes”, detalhou o diretor financeiro.

A receita líquida da empresa no 1º trimestre avançou 19,1%, para R$ 7,5 bilhões. O lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda, na sigla em inglês) caiu 2,1 pontos, para 7,7% no período.

As despesas do grupo somaram R$ 1,8 bilhão no 1º trimestre, alta de 30% sobre o valor de R$ 1,38 milhão reportado um ano antes. Na base comparável, excluindo a recuperação de algumas despesas jurídicas no 1º trimestre de 2020, houve aumento de 20,8% nas despesas em um ano.

Entre os principais motivadores do resultado, segundo Padilha, estão a não diluição de despesas diante do fechamento das lojas físicas na segunda onda da pandemia, efeitos da aquisição de 80% do capital da fintech BanQi, em fevereiro, bem como uma despesa de R$ 8 milhões em processos trabalhistas no 1º trimestre.

(Com informações do Valor PRO)

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