Veja os impactos nas moveleiras de SC a uma semana do tarifaço
A antecipação de férias coletivas e a paralisação na entrega de produtos em empresas de Santa Catarina estão entre as principais consequências do tarifaço de 50% anunciado pelos Estados Unidos. Os reflexos ocorrem a uma semana da data prevista para a entrada em vigor da sobretaxa sobre produtos brasileiros vendidos aos norte-americanos.
As informações foram repassadas pelo presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc), Mario Cezar de Aguiar. Segundo ele, os impactos mais fortes até agora foram no setor moveleiro, que tem produção destaque em regiões como o Planalto Norte. Nesses mercados, algumas empresas anunciaram férias coletivas aos funcionários e outras tiveram solicitação de compradores para que adiassem os envios aos Estados Unidos de produtos já encomendados, à espera do que pode vir pela frente.
“Todos estão na incerteza e, nessa incerteza, por segurança, eles dão férias. Porque não adianta produzir para deixar estocado. E muito do que é produzido não tem como ser vendido a outros países porque são produtos específicos para os Estados Unidos, é difícil procurar vender para outros mercados”, afirma o dirigente.
Segundo ele, confirmada a sobretaxa de 50% e vencido o período de férias coletivas, o passo seguinte para as empresas pode ser a demissão de funcionários. Especialistas também já anteciparam ao NSC Total a previsão de demissões em massa no setor de madeiras em SC.
No caso da produção de móveis, o tarifaço deve fazer com que concorrentes como o Vietnã, que também fornecem aos Estados Unidos e passariam a ter tarifas menores, se tornem mais competitivos no mercado norte-americano.
Expectativa de adiamento ou negociações setoriais
Para evitar o cenário mais crítico, a expectativa da entidade é de uma possível prorrogação na data prevista para o início da sobretaxa. A hipótese se justifica pelo histórico de Donald Trump com outros países, em que as taxas foram revistas ou adiadas antes de entrar em vigor.
Outra esperança da entidade, caso a tarifa entre mesmo em vigor na próxima sexta-feira (1º), seria a de possíveis negociações setoriais. A situação poderia beneficiar empresas como a metalúrgica Tupy, que fica em Joinville, e seria a terceira do Brasil mais impactada pelo tarifaço, segundo o dirigente.
“Nossa esperança é de que possa haver negociações setoriais, que [a tarifa] não seja para todos os produtos. Porque esse é um tipo de produto [do setor metalmecânico] que não tem na prateleira. Para desenvolver outro fornecedor de outro país, vai demorar bastante tempo”, afirma Aguiar.
Na lista dos 10 produtos mais exportados por SC aos Estados Unidos aparecem, além dos artigos de madeira e móveis, itens do setor metalmecânico, motores elétricos — em grande parte representados pela gigante WEG — e a carne suína.
Segundo o presidente da Fiesc, no caso da WEG uma estratégia pode ser a redistribuição da produção para fábricas da empresa em outros 18 países, sujeitos a tarifas menores do que as previstas para o Brasil a partir de agosto. A estratégia já foi antecipada pela direção da empresa em teleconferência com investidores.
Já a agroindústria, que exporta carne suína aos EUA, segundo o presidente da Fiesc teria mais facilidade para migrar para outros mercados por já ter experiência nessa busca em casos de restrições de países da Ásia por questões sanitárias. Em todos os casos, no entanto, o presidente da Fiesc afirma que a incerteza sobre o tarifaço causa “perturbação” ao setor produtivo.
“A situação é bastante delicada, preocupante. O Estado que ano passado vendeu 1,74 bilhão de dólares para os Estados Unidos, se transformarmos em real [cerca de R$ 9,6 bilhões], veremos que é bastante preocupante, significativo o que o Estado vende para lá. Também importamos muitos produtos agregados à produção de Santa Catarina, muitos itens da parte eletrônica, que se for feita a reciprocidade tarifária impactará no custo interno”, defende o dirigente.
Fiesc monitora situação e monta gabinete de crise
A Fiesc ainda não tem números sobre o possível impacto do tarifaço na economia de SC, mas montou um comitê de crise para acompanhar o tema. O grupo deve se reunir nesta segunda-feira (28) e fará pesquisas com empresas catarinenses para monitorar os reflexos e entender que ações podem ser adotadas como forma de auxílio.
Paralelamente, o presidente da Fiesc deve ir à Brasília na segunda-feira para acompanhar as negociações. A entidade também deu ao governo do estado sugestões de ações que poderiam mitigar os efeitos, em caso de entrada em vigor da sobretaxa de 50%.
O dirigente já esteve reunido com o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) na semana passada, ocasião em que sugeriu a não aplicação da lei de reciprocidade, que segundo ele seria a pior solução, e defendeu a negociação para buscar a prorrogação da possível tarifa.
“A prorrogação seria importante para dar mais tempo de negociação e adaptação das empresas para buscar outros mercados, e para que o governo incrementasse ao máximo as negociações, não ficasse tão paralisado como, na nossa visão, está”, avalia Aguiar.
Fonte: nsctotal.com.br




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