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INDÚSTRIA FORNECEDOR

Cuidado para não terminar 2022 abraçado ao prejuízo dos clientes

Por Edson Rodrigues - 29 de Novembro 2021

Depois de um período de ausência, por uns poucos seguidores, estamos de volta. Encerramos o comentário anterior afirmando que “precisamos mais atentos aos movimentos que acontecem para não sermos pegos de surpresa e depois dizer que a gente não sabia o que iria acontecer. A ruptura círculo vicioso está para acontecer deste logo, logo, quando o mundo começar a viver o novo normal ”.

E quais são os principais movimentos que estão acontecendo?

Não falo de hipóteses momentâneas, motivadas por certas circunstâncias (embora essas façam diferença, principalmente no caixa da empresa), mas do comportamento do consumidor a partir de um ciclo de consumismo que agora está em decadência, de uma nova era pós-consumo.

Steve Jobs já dizia que “se você quiser saber o que vai acontecer daqui a cinco anos é preciso olhar para as bordas”. Então, pense no global e aja no local. Observe a geração do milênio que é a porta-bandeira não oficial do estilo de vida "não consumidor" que está lenta, mas seguramente, dominando o mundo em geral. As vendas, tanto online quanto na loja, diminuíram nos últimos anos. Os hábitos do consumidor estão mudando e como pessoas comprando menos ano após ano.

Parte dessa mudança pode ser atribuída a razão baseada na consciência ambiental. Muito disso, porém, tem a ver com fatores econômicos. Como resultado, várias comunidades alternativas de consumidores estão surgindo, facilitando o consumo colaborativo e a autossuficiência. Os eventos de troca e compra de usados ​​também estão em alta.

A observação geral é que comprar mais e mais coisas parece contagiar menos as pessoas do que acontecia até alguns anos. De modo geral, as pessoas estão mais experimentadas em experiência - compartilhar e criar memórias, realizar atividades únicas, participar de aventuras e assim por diante. Parece que estamos no limiar da era pós-consumo e acredito que a pandemia apenas acelerou este processo. As pessoas perceberam - a partir de perdas de parentes próximos e amigos - quanto a vida é efêmera e quais são os valores que realmente importam.

Analisando sob a ótica racional, se vê empresas como a Ikea intensificando o processo de economia circular, recomprando o que vendeu e, cá entre nós, é a empresa que mais vende produtos descartáveis no mundo; já algumas varejistas brasileiras continuam apostando todas as fichas em promoções e descontos como forma disputar os consumidores e, com isso, conseguem apenas acumular prejuízos em seus balanços. Quando as pessoas não querem comprar, não adianta promoções e descontos. Não é o preço, é a não-necessidade.

Some-se a isso a escassez de matérias-primas e a falta de substitutos para muitas delas. Isso acendeu o alerta no mundo todo e os impactos já foram sentidos. Falando especificamente para o setor moveleiro: é preciso começar 2022 reavaliando o que estamos fazendo e que devemos deixar de fazer e, também, o que não fazemos mas deveríamos fazer o mais rápido possível.

Uma das coisas mais importantes é saber se a indústria quer dividir os prejuízos com os varejistas que continuam por preços menores, porque os fornecedores já decidiram que não querem. Os principais jogadores do varejo estão péssimos balanços. O Magazine Luiza teve prejuízo operacional de R $ 32,5 milhões entre julho e setembro; um Mobly registrou prejuízo superior a R $ 25 milhões no 3º trimestre; e a antiga Via Varejo reportou sem mesmo período prejuízo de R $ 638 milhões.

Cá entre nós: A ruptura do círculo vicioso especialmente e a chegada de um novo normal significa cuidar da sua política de preços e ajustar a sua produção à necessidade das pessoas. Isso vai fazer muita diferença para atravessar 2022 mais saudável do que tem sido até agora e não terminar o ano abraçado nos prejuízos com seus clientes.

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