IMG-LOGO

A nova economia gera muitas expectativas e grandes decepções

Por Ari Bruno Lorandi - 27 de Fevereiro 2023
3746dff4-ed6f-400e-8219-0885e12ef289.jpeg

A maturidade que a consultoria Trendwatching chamou de Economia de Expectativa é uma tendência que captura o espírito de sociedades de consumo maduras, ou que estão amadurecendo rapidamente.

 

A Economia de Expectativa é formada por consumidores bem-informados, experientes, que têm uma longa lista de expectativas que aplicam a cada bem, serviço ou experiência oferecida. Essas expectativas se baseiam principalmente no dilúvio de fontes de informação disponíveis. 

 

A maior diferença entre hoje e cinco ou dez anos atrás é que o boca-a-boca agora viaja o mundo todo em um instante, tornando lançamentos de produtos imediatamente globais, transformando cada nova marca — grande ou pequena — em um player potencial e recompensando o desempenho excepcional com aprovação imediata dos consumidores.

 

Nunca na história o conhecimento sobre o que é melhor, mais barato, mais original e relevante esteve tão disponível para os consumidores. E nunca os consumidores apreciaram tanto a pesquisa e a análise competitiva, atividades que fazem muito mais do que a maior parte das empresas.

 

Essa avalanche de inteligência de consumo gera uma subtendência: informação ao consumidor como entretenimento, consumidores que informam um ao outro sobre o que há de melhor, sem sentir a necessidade urgente de comprar algo. A Trendwatching chama essa tendência de Consumo Vicário: os consumidores podem agora consumir tudo de forma vicária, ou seja, através dos olhos de influencers e de outros consumidores, em relatos que eles compartilham livremente.  

 

Porém, quando as expectativas são altas, a tendência de não serem atendidas é grande, já que a maioria das marcas prefere não se manter atualizada com o que há de melhor. Com isso, consumidores bem-informados vão se achar em estado permanente de indiferença e até irritação.

 

O problema é que consumidores indiferentes deixam de ser compreensivos e cooperativos, e não oferecem retorno sobre o que a empresa pode fazer para melhorar. Eles apenas saem e nunca mais voltam, sem explicar o porquê.

 

A irritação é tão ruim quanto: ocorre quando os consumidores são forçados a comprar uma marca de mau desempenho, devido à pouca ou nenhuma disponibilidade do que eles sabem que existe de melhor.

 

Com isso, é preciso ficar atento à falsa lealdade e às compras adiadas:

Falsa lealdade é quando os consumidores continuam comprando marcas de mau desempenho só porque o que realmente querem não está disponível. Para a empresa, pode passar a impressão de que tudo vai bem. 

 

Compras adiadas ocorrem quando muitos preferem esperar pela disponibilidade do que desejam e adiam até compras mais necessárias, como a troca de um móvel que já não tem mais serventia.

 

Cá entre nós: O cenário pode vir a ser ainda mais radical: a Economia de Expectativa é um presente para gerações mais jovens, que não sofreram a sobrecarga de uma era de produção em massa, publicidade em massa e, mais do que tudo, ignorância em massa. 

 

Portanto, é fundamental fazer coisas excepcionais e atender as expectativas dos consumidores. E isso não é mais uma opção, é uma obrigação. 

Comentários