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Não é fábrica... É inovação, produto e marketing que estão faltando

Por Ari Bruno Lorandi - 06 de Junho 2022

A necessidade é a mãe da invenção. Quem disse isso foi Platão, mais ou menos 400 anos antes de Cristo. Claro, na época não se pensava em ter uma indústria de móveis e Platão acreditava firmemente em sua frase que deveria servir pra tudo. 

 

Hoje, seguramente ele pensaria diferente. Sim, porque necessidade não falta para se inventar (ou pelo menos reinventar) um novo mobiliário, dotado de alto conforto habitacional, introduzindo também o “design sentimental”, que se baseia nas memórias familiares.

 

Para entender melhor, voltemos no passado:

 

Há 20 anos tínhamos 43 milhões de habitações para mobiliar. 

 

Hoje são 73 milhões, uma expansão de 62%.

 

Na época a compra de móveis das famílias absorvia 2,4% das despesas. 

 

Hoje, apenas 1,4%, ou 58% da época. Foram para outros gastos 25 bilhões/ano.

 

O uso da capacidade instalada nas indústrias de móveis em 2002 chegou a 77%, segundo a FGV. 

 

Em 2021, segundo a CNI, foi de 45%, recuo de 41%. 

 

O volume de peças produzidas aumentou apenas 25% nos últimos 20 anos.

 

O IPCA de móveis no mesmo período foi 35% menor que o índice geral.

 

Resumindo, todos os números mostram que houve uma contração significativa no setor nas últimas duas décadas.

 

Voltando ao presente: depois da pandemia a contração atingiu todo o planeta. Escassez de suprimentos, alta absurda nos preços, inclusive no transporte. E o pior ainda está por vir: Willy C. Shih, especialista em cadeia de suprimentos e professor na Harvard, afirma que a gestão da cadeia de suprimentos está entrando em uma nova era. O ambiente relativamente saudável das últimas três décadas e a expansão de cadeias de suprimentos globais distantes, provavelmente acabou.

 

Abe Eshkenazi, CEO da Associação de Gestão da Cadeia de Suprimentos, alerta: “Varejistas e consumidores devem se preparar para outra onda de escassez de produtos causada por backups na cadeia de suprimentos. E essa onda pode ser pior que a última”.

 

Portanto, sem nos alongarmos mais, temos razões de sobra para trocar volume por inovação; máquinas por mais design e chão de fábrica por marketing. Cada vez mais serão os produtos diferentes que terão a atenção dos consumidores. Produtos iguais, eles vão comprar de segunda mão, como já está se vendo também por aqui.

 

Na revista Móveis de Valor temos tratado muito sobre as profundas transformações do consumo que certamente virão. Não se trata de saber se virão, mas sim quando virão. Portanto, não falta informação sobre o futuro próximo. 

 

Cá entre nós: Somos resilientes e jamais perderemos a esperança de ver – não o setor inteiro – mas uma boa parte dele – surpreender o consumidor que tem novas necessidades e comemorar os resultados, independentemente de crises econômicas motivadas por pandemias ou guerras. O futuro contemplará os visionários, os inovadores, aqueles que entenderem que a necessidade é mesmo a mãe da invenção.

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