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Devemos adotar estratégias mais agressivas para reajustar os preços

Por Edson Rodrigues - 07 de Fevereiro 2021

Com certeza você já ouviu sobre Efeito Estufa, que provoca aquecimento anormal do planeta; provavelmente sabe sobre Efeito Placebo – medicamento sem princípio ativo; talvez tenha ouvido mais recentemente sobre Efeito covid – capacidade de criar o “novo normal”; ou ainda, o Efeito sanfona – quem emagrece e engorda de novo sabe bem o que é.

Mas, com certeza, você não ouviu falar do Efeito óleo de soja, estou certo? E nem poderia porque acabei de criar este efeito.

Resumidamente funciona assim: Depois de passar por todas as fases, desde a produção até o supermercado, até meados de 2020 o óleo de soja era vendido por 3 reais o litro. Veio a pandemia, quase por obra do acaso, os preços da soja subiram 80% em 12 meses até outubro. E o óleo de soja de 3 saltou para mais de 8 reais. Aumento de 167%. Mais que o dobro da alta da matéria-prima. Ele está em um novo patamar porque a cadeia alimentícia acredita que este é o preço justo pelo litro de óleo de soja. O preço pode recuar um pouco mais jamais voltará ao patamar anteriorSimples assim. 

Por que eu estou falando disso? Então, agora pense nos móveis. Fala-se tanto em escassez de matérias-primas e insumos, em aumentos – sob essa visão – injustificados. Fala-se tanto em realinhamento dos preços e o que se viu em 2020 foi o repasse de apenas 21%, em média – da fábrica para o varejo.

Há pouco falei sobre preço justo. É isso, qual o preço justo para um painel de TV? É o de um quilo de picanha, ou seria de 3 quilos... Um colchão, que tem uma importância fundamental para a saúde e a qualidade de vida das pessoas pode ser vendido por menos de 500,00, o de casal?

Agora não estamos defendendo repasse de custos, realinhamento de preços, porque não foi isso que a indústria e o varejo de alimentos fizeram com o óleo de soja e tantos outros produtos alimentícios. Estou defendendo o estabelecimento de preço justo para que todos ganhem dinheiro, invistam em desenvolvimento de produtos inovadores, proporcional ao que os consumidores buscam quando se trata de tecnologia.

E só será possível este salto de qualidade no mobiliário com rentabilidade. O resto que se vê e se ouve por aí não muda nada a situação em que se encontra a cadeia moveleira.

Quando conseguirmos apresentar resultados financeiros significativos, uma startup vai buscar no mercado bem mais do que os 800 milhões levantados num IPO semana passada. Uma indústria de móveis poderá abrir seu capital e tornar-se competitiva diante dos gigantes do varejo, coisa que ainda não temos hoje.

Cá entre nós: A porta está se fechando. Esta é a maior oportunidade que temos pra parar de brigar fabricante com fornecedor, lojista com fabricante... e olhar para o que interessa ao consumidor, este sim, por enquanto tendo de comprar o que está disponível e isso é pouco para todos.

Vamos copiar o efeito óleo de soja?

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