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Semana de quatro dias poderia equilibrar oferta e procura?

Por Ari Bruno Lorandi - 16 de Agosto 2022

Cada um tem as suas razões para justificar a situação do setor moveleiro para o bem ou para o mal. Mas é quase unanimidade se culpar o governo, responsável pelas crises econômicas aqui, mesmo que as causas estejam do outro lado do mundo. Daí as alegações de que houve perda do poder aquisitivo da população, o juro está muito alto, o grau de endividamento das pessoas é recorde histórico e bla bla bla.

 

Eu penso diferente. Acredito que precisamos entender melhor as nossas dores para buscar soluções mais permanentes, dependendo menos de oscilações momentâneas. E para justificar minha posição eu lembro que a compra de móvel não acontece por impulso, ela é planejada e, consequentemente, alcançada as expectativas das pessoas, a compra acontece, mesmo porque grande parte das compras são para substituir peças que não servem mais ao uso.

 

Historicamente não impulsionamos o mercado de consumo via apelo emocional, de design, de uma venda efetiva baseada na capacidade do vendedor de convencer o cliente sobre o melhor custo-benefício. Impulsionamos via liquidações, inclusive a Black Friday no fim do ano. Não temos um calendário de venda de móveis.

 

Mesmo com todos estes problemas que são históricos, nos últimos cinco anos tivemos três com vendas positivas no varejo comparando-se com o ano imediatamente anterior. Em 2017, o volume de vendas subiu 1,4% e no ano seguinte recuou 3,3%, mas recuperou em 2019 com alta de 5,8% e – incrível – com pandemia os números de 2020 foram extraordinários com expansão de 11,9%. Temos, portanto – mesmo adicionando a queda de 1,8% ano passado – um resultado positivo de 14% nos últimos cinco anos.

 

leia: Vamos varejar para um admirável mundo novo, de novo?

 

E aqui faço um parêntese para lembrar que os números de 2020 aconteceram em seis meses, depois do varejo permanecer num abre-fecha durante todo o primeiro semestre. Mas as pessoas queriam comprar móveis, perceberam a necessidade de substituir peças que não serviam mais, especialmente colchão, sofás e móveis de sala, incluindo-se aí os home office. E quer crise maior do que a pandemia?

 

Pois agora, em 2022, depois da queda de 1,8% no ano passado, eu aposto em alta, mesmo considerando que até junho o IBGE tenha identificado queda de 6,9% no volume de vendas e, também, a alta dos preços de móveis no varejo, o que é uma sinalização de que existe espaço para os preços que vem sendo praticados.

 

Cá entre nós: A situação – quando se analisa o macro ambiente – não é tão feia como alguns pintam. E poderia ser bem melhor se a indústria praticasse a mais antiga lei de mercado: a da oferta e procura. Porém, basta alguns meses de alta para gerar euforia e aumento da produção e outros meses de queda para aparecerem novos produtos com preço menor. 

 

Mas como essas atitudes fazem parte da cultura, para equilibrar a demanda propomos implantar aqui o que já é adotado por empresas em diversos países da Europa: Semana de quatro dias de trabalho na indústria de móveis. Pode ser a solução, mas desconfio que vai ter empresa fazendo hora extra...

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