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Colapso de vendas em São Paulo é maior que o impacto do tarifaço

Por Natalia Concentino - 27 de Outubro 2025

No Cá Entre Nós dessa semana, Ari Bruno Lorandi faz um alerta sobre o que ele considera um colapso de vendas em São Paulo, com números que acendem uma luz amarela – talvez até vermelha quando se trata do comércio de móveis

 

“O comércio de móveis sempre foi extremamente volátil, reagindo de forma drástica aos ciclos de crise. Pensemos em 2016 e 2018, quando a retração econômica provocou quedas abruptas. E depois, a pandemia de 2020 e 2021 trouxe um crescimento excepcional, um verdadeiro boom no volume de vendas, liderado pelo estado de São Paulo. Pessoas reformando casas, investindo em home office, impulsionadas inclusive por estímulos governamentais.

 

Mas a lição é clara: o boom traz consigo a armadilha da Receita das vendas. Nos anos recentes, 2022 e 2023, a Receita total parecia estável, ou até positiva no Brasil. Mas por trás disso, o Volume de vendas caiu. O aumento de preços manteve o faturamento, mas o poder de compra do consumidor diminuiu. É o clássico “faturamento enganoso” que disfarça a saúde real do mercado.

 

E São Paulo amplifica tudo isso. Quando o mercado nacional se move, São Paulo se move mais. Durante crises, as quedas são mais profundas. Em períodos de alta demanda, os booms são maiores. Em 2025, de janeiro a agosto, São Paulo registrou uma queda brutal: 23,8% no volume de móveis vendidos e 22,3% na Receita. Isso significa que, de cada quatro peças vendidas no ano passado, praticamente uma deixou de ser comprada. 

 

Por que isso acontece justamente em São Paulo, que normalmente é o motor do consumo? Altos juros e crédito caro foram o primeiro golpe. O financiamento de móveis, tipicamente de bens duráveis, é cortado rapidamente quando o crédito aperta. O consumidor paulista retirou a compra de móveis de suas prioridades. Soma-se a isso o excesso pós-pandemia: a casa já está mobiliada, o orçamento apertado, e o consumo não volta por osmose”.

 

Lorandi, afirma que o restante do país ainda não sente a mesma intensidade, mas esse comportamento de São Paulo já é um sina de alerta. Ele lembra que a receita nacional até se manteve, mas apenas por causa da inflação nos preços. “No volume, porém, a queda já chega a -5% em agosto. Isso quer dizer que, mesmo com faturamento aparentemente estável, menos peças estão sendo vendidas a preços mais altos. O poder de compra do brasileiro está sendo corroído”, avisa.

 

Em termos de valor de mercado, o colapso nas vendas em São Paulo significa a perda de R$ 4,7 bilhões, equivalente ao total das exportações brasileiras de móveis do ano passado.

 

“Mas as mentes que movem o futuro e o arauto que anuncia performance de primeiro mundo no setor, ainda não ofereceram soluções nem mesmo sugestões para resolver este problema, que afeta muito mais o desempenho das indústrias do que o tarifaço de Trump aos móveis brasileiros”, alfineta Lorandi.

 

O comentário completo você confere no player acima.

 

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ENTREVISTA

 

Nessa semana, Ari Bruno Lorandi traz uma entrevista feita com Guilherme Brito, presidente do Sindmóveis PE, em que a pauta foi o que acontece com a indústria pernambucana e nordestina. Lorandi conversou com Guilherme a respito de exportação e também sobre a importância do e-commerce.

 

NOTÍCIAS

 

Como a Ashley combate a escassez de mão de obra nos EUA

 

A Ashley Furniture, maior fabricante e distribuidora de móveis residenciais dos Estados Unidos, vem reduzindo a lacuna de qualificação profissional no setor por meio de investimentos em educação técnica, inovação e desenvolvimento de talentos.

 

Desde 2016, mais de 65 mil estudantes participaram dos programas educacionais promovidos pela empresa e pela Fundação Ronald e Joyce Wanek, que atuam em parceria com escolas, universidades e centros de formação técnica.

 

Como aqui, o déficit de qualificação é um dos principais gargalos da indústria americana. Segundo relatório da Deloitte, até 3,8 milhões de novos profissionais serão necessários entre 2025 e 2033.

 

A Ashley decidiu construir um programa de habilidades que fortalece a base da manufatura nos EUA.

 

A empresa também aposta na requalificação de sua própria força de trabalho, diante dos avanços em inteligência artificial, robótica e automação.

 

Com unidades de fabricação e distribuição em cinco estados, a Ashley adapta seus programas de acordo com as necessidades de cada região.

 

IKEA vê queda em vendas e aposta em novos formatos e no avanço do digital

 

O Ingka Group, principal operador de lojas IKEA no mundo, registrou vendas no varejo de 39 bilhões de euros no ano fiscal encerrado em 31 de agosto de 2025. O resultado representa uma queda de 1,6% em relação ao ano anterior.

 

Apesar da leve retração em valor, houve aumento de 1,6% nas quantidades vendidas, impulsionado pela política de redução de preços adotada ao longo do último ano. Ao contrário do que ocorre aqui onde o volume cai e a receita de vendas cresce. As visitas presenciais nas lojas Ikea somaram 736 milhões e o tráfego online cresceu 4,6%.

 

Durante o ano, o Grupo Ingka realizou 54 inaugurações globais. Além disso, a IKEA iniciou testes com um novo formato de loja menor, projetado para oferecer uma experiência de compra mais rápida e próxima das áreas residenciais.

 

O grupo também vem transformando suas lojas físicas em hubs de e-commerce. O aprimoramento das ferramentas digitais e de atendimento elevou a satisfação do cliente ao maior nível desde 2019.

 

Assista ao 10 Minutos com Ari Bruno Lorandi na íntegra clicando no player acima.

 

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